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“Transformar minha mãe de ‘empregada’ em ‘patroa’”: o sonho de Henrique Marques, campeão mundial de taekwondo

Divulgação/COB

Cria de Itaboraí, região metropolitana do Rio, Henrique Marques chegou ao topo do mundo. O atleta conquistou a medalha de ouro no Campeonato Mundial de Wuxi, na China, ao derrotar o chinês Qizhang Xiang por 2 a 0. Aos 21 anos, ele escreveu seu nome na história do país como o primeiro atleta homem a alcançar este título no Taekwondo. Antes, o feito tinha sido realizado pelas brasileiras Natália Falavigna, em Madri 2005, e Maria Clara Pacheco, na última sexta-feira, 24, também em Wuxi.

“Mãe, essa medalha é nossa. Seu filho é campeão mundial”, disse à World Taekwondo após a conquista.

Filho da Rosane, diarista de 58 anos, Henrique cresceu em Vila Portuense, um dos bairros mais pobres da cidade. Entre rifas e muito suor dos pais, o jovem atleta exalta com gratidão a dedicação dos pais para que ele seguisse no Taekwondo. 

“O início de tudo foi muito difícil. Na época, meus pais não tinham condições financeiras para me manter no esporte. Mas minha mãe sempre acreditou e se virava para eu conseguir ir às competições e viagens”, conta Henrique, em entrevista exclusiva ao portal do COB.

Por isso, o atleta agora pretende retribuir todo o apoio que recebeu. Além de ser referência e conquistar o mundo, Henrique sonha em dar uma vida melhor para mãe. 

“Ela sempre trabalhou em casa de família como diarista, para me sustentar e sustentar toda a minha família. Por isso, a meta sempre foi dar uma vida melhor para ela”, afirma. “Quero transformar minha mãe de ‘empregada’ em ‘patroa’”, conclui Henrique.

Divulgação/Instagram/@henriquetkd

O jovem começou praticando jiu-jitsu, mas aos oito anos recebeu o convite da atleta olímpica Íris Tang Sing para fazer parte de seu projeto social. “Eu chegava antes para assistir as aulas de taekwondo porque achei curioso, mas não tinha começado por falta de condições de pagar a mensalidade da época”.

A medalhista de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Toronto 2015 era madrinha do projeto social “Íris”, em Itaboraí, onde treinava e dava aulas. Um dia, ela convidou Henrique para participar dos treinos. 

“Desde pequenininho vi que ele tinha um grande potencial. Ele começou a treinar nesse projeto social, que eu também dava aula e treinava junto, e logo depois levamos ele para treinar na equipe de competição”, relembra Íris, que hoje tem seu apartamento alugado por Henrique.

O atleta se dedicou ao esporte e foi campeão brasileiro em 2018. Mas a história do atleta ainda teria um capítulo à parte. Em 2023, ele descobriu uma arritmia cardíaca que quase fez com que ele se aposentasse dos tatames aos 19 anos. A alteração da frequência dos batimentos do coração deixou o jovem de fora do Mundial de 2023 e dos Jogos Pan-Americanos de Santiago. 

Recuperado da cirurgia, o atleta voltou a competir em 2024, mas passou por mais um baque: a perda do pai, Ari Fernandes, durante a preparação para os Jogos Olímpicos Paris 2024. O atleta parou nas quartas de final nas Olimpíadas.

Para superar os desafios, Henrique revela que contou com uma inspiração dentro do tatame. “Cheick Cisse, atleta da Costa do Marfim, também veio do nada e hoje é um dos grandes nomes do taekwondo mundial”, disse.

Assim como seu ídolo, em 2025, Henrique também alcançou esse patamar, tornando-se um dos grandes nomes do taekwondo mundial. O atleta brilhou com conquistas recentes, como: ouro no Aberto do Rio de Janeiro, prata no Grand Prix de Muju, bronze na President’s Cup (válida como Pan-Americano da modalidade), ouro nos Jogos Pan-Americanos Júnior de Assunção e, agora, uma performance histórica no Mundial de Taekwondo em Wuxi, com a medalha de ouro na categoria até 80kg. 

Essa já é a melhor campanha do Taekwondo brasileiro em Mundiais, superando Madri 2005. Além do ouro de Henrique, Maria Clara Pacheco foi campeã na categoria 57kg e Milena Titoneli foi prata nos 67Kg. O Campeonato vai até dia 30 de outubro. 

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