O Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPMT) instaurou investigação para apurar possíveis irregularidades no processo eleitoral da Federação Mato-grossense de Futebol (FMF), que escolherá sua nova diretoria no próximo dia 3 de maio. O inquérito civil, conduzido pelo promotor de Justiça Renee do Ó Souza e pelo subprocurador-geral jurídico Marcelo Ferra de Carvalho, foi motivado por denúncias que apontam falta de transparência, ausência de regras claras e até suposta compra de votos.
A apuração ocorre em meio a um cenário de forte rivalidade esportiva, que agora também se reflete nos bastidores políticos da entidade. A disputa pelo comando da FMF é protagonizada por Aron Dresch, atual presidente da federação e ex-dirigente do Cuiabá Esporte Clube, e Dorileo Leal, presidente da SAF do Mixto Esporte Clube, principal opositor da gestão atual.
Prazo de 48 horas
Em ofício encaminhado diretamente a Aron Dresch nesta semana, o MPMT deu um prazo improrrogável de 48 horas para que a FMF encaminhe documentos e dados relacionados ao pleito. Entre os pontos solicitados estão: edital de convocação da eleição, lista dos eleitores aptos, critérios de elegibilidade e regulamento do processo. O Ministério Público considera que o prazo anterior, de 15 dias, não atende à urgência do caso diante da proximidade da votação.
“O prazo de 15 dias originalmente concedido mostra-se incompatível com a urgência e complexidade das análises necessárias à verificação da regularidade do certame”, destaca o documento oficial.
Denúncia anônima
O inquérito civil nº 006340-001/2025 foi instaurado após uma denúncia anônima. Segundo o relato, um funcionário da FMF identificado pelas iniciais E.H. estaria percorrendo clubes e ligas do interior em busca de apoio à reeleição de Dresch, supostamente antes mesmo da publicação oficial do edital. O denunciante ainda apontou que haveria oferta de valores em espécie para influenciar o apoio de entidades filiadas.
Outras irregularidades relatadas incluem a ausência de divulgação do edital eleitoral, falta de transparência no colégio eleitoral e condutas que ferem a Lei Geral do Esporte.
Histórico de polêmicas
Aron Dresch está no comando da FMF desde 2017. Sua primeira eleição foi marcada por impugnações e questionamentos legais, que acabaram sendo revertidos com apoio de clubes aliados. Em 2021, foi reeleito com o apoio de quatro vice-presidentes ligados a clubes tradicionais, entre eles o Mixto — hoje, adversário direto na eleição.
Na época, Dresch prometeu encurtar os mandatos e promover renovação na entidade. No entanto, decidiu novamente concorrer, gerando críticas por parte da oposição.
Oposição embalada por projeto do Mixto
Dorileo Leal, por sua vez, ganhou força no cenário esportivo após reestruturar o Mixto Esporte Clube, que hoje opera como SAF. O clube voltou ao protagonismo local e, fora de campo, Dorileo tem se consolidado como uma das vozes mais críticas à atual direção da federação.
A rivalidade esportiva entre Mixto e Cuiabá, que já mobiliza torcedores nos estádios e redes sociais, agora se reflete no embate direto pelo controle do futebol mato-grossense.
O que diz a FMF
Procurada pela reportagem, a FMF afirmou, por meio de nota, que não irá se manifestar sobre as denúncias enquanto não for oficialmente notificada.
Enquanto isso, o clima de tensão aumenta entre bastidores políticos e esportivos. A eleição está marcada para o dia 3 de maio, com 21 clubes e uma liga filiados aptos a votar — número que pode aumentar, caso entidades regularizem suas pendências a tempo.
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