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O jogo que não se joga

Ronaldo via Instagram

Era uma vez um menino chamado Ronaldo. Não aquele da bola nos pés, que encantava o mundo e calava estádios inteiros com arrancadas que desafiavam a física. Não aquele que, depois de tanto nos dar, saiu de campo com joelhos castigados e a certeza de ter escrito seu nome na eternidade. Esse Ronaldo, agora, queria jogar outro jogo. Um jogo que, ironicamente, não se joga.

O Fenômeno, cansado de ver o futebol brasileiro se arrastar como um velho álbum de figurinhas desbotado, decidiu que queria ser presidente da Confederação Brasileira de Futebol. O desejo não era um capricho de quem já teve tudo, mas de quem ainda queria dar algo a mais. Um nome como o dele poderia abrir portas, certo? Errado.

Bateu à porta de 27 federações. Vinte e três fecharam. Não por falta de educação, claro. Mas porque estavam “satisfeitas”. Satisfeitas com o quê, exatamente? Com os insucessos recentes da seleção? Com o distanciamento crescente entre o torcedor e o time que um dia foi sua paixão? Ou com algo que só quem senta nas cadeiras certas pode entender?

O roteiro se repete. As federações, que deveriam zelar pelo futebol nacional, seguem fiéis a um jogo que não envolve bola, torcida ou títulos, mas que garante a manutenção de um sistema onde perder faz parte do plano – desde que os mesmos sigam vencendo fora de campo. Não importa que a seleção tenha perdido identidade, que os clubes sofram com calendários insanos ou que o torcedor, outrora apaixonado, agora assista aos jogos mais por costume do que por encanto. O que importa é que tudo continue exatamente como está.

Ronaldo, acostumado a vencer, perdeu sem sequer entrar em campo. Saiu do jogo antes mesmo do apito inicial, não por falta de vontade, mas por perceber que, nesse tabuleiro, as peças já estavam todas no lugar antes mesmo de ele sonhar em movê-las.

E enquanto a seleção brasileira se prepara para seu primeiro compromisso na Data FIFA de 2025, o torcedor se pergunta o que realmente mudou. O técnico é novo, alguns rostos também, mas o jogo fora das quatro linhas continua o mesmo.

Talvez o problema do futebol brasileiro não seja falta de talentos dentro das quatro linhas, mas a abundância de interesses do lado de fora. Talvez o sonho de ver a seleção campeã novamente esteja cada vez mais distante, porque, para isso, seria preciso algo mais do que um técnico estrangeiro ou uma nova geração promissora: seria preciso mudar as regras do jogo.

E assim, mais uma vez, a bola rola… mas sempre para os mesmos.

Escrito por
Giovanna Baiocco

Estudante na reta final da graduação em Jornalismo pela Universidade Federal de Mato Grosso, com um olhar atento e apaixonado pelo esporte em suas mais diversas modalidades. Gremista de coração. Entendo o esporte não apenas como entretenimento, mas como um fenômeno social capaz de unir pessoas, contar histórias e transformar realidades. Atuo como editora e comentarista do programa 'Arena Feminina', um espaço que reforça a importância da representatividade feminina na cobertura esportiva. Acredito que a presença das mulheres no jornalismo esportivo vai além da ocupação de cargos: trata-se de quebrar barreiras, desafiar estereótipos e ampliar vozes que historicamente foram silenciadas. Meu compromisso vai além da narração dos fatos; busco contribuir para a mudança do cenário esportivo, garantindo que mais mulheres possam não só falar sobre esporte, mas também ser reconhecidas e respeitadas por isso. Inspiro-me em profissionais como Ana Thaís Matos, Renata Silveira e tantas outras que abriram caminho para que possamos ocupar esse espaço com autoridade e competência. Meu maior sonho é seguir essa trilha, sendo referência e inspiração para as futuras gerações de jornalistas esportivas, mostrando que lugar de mulher é onde ela quiser — inclusive no esporte.

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