De acordo com o interventor da Federação Matogrossense de Futebol (FMF), Luciano Dahmer Hocsman, que também é presidente da Federação Gaúcha de Futebol (FGF), uma possível segunda interferência da Justiça na FMF poderia afetar profundamente todo o futebol brasileiro.
A declaração foi realizada nesta segunda-feira (2), em uma entrevista coletiva realizada na sede da Federação em Cuiabá.
Antes de entrarmos nas falas do interventor, é necessário entender o motivo de a FMF-MT estar com um interventor no comando da entidade.
ELEIÇÃO SUSPENSA
A eleição para a presidência da FMF foi suspensa no dia 3 de maio por decisão judicial, emitida pela juíza Ana Cristina Silva Mendes, da Quarta Vara Cível de Cuiabá.
As chapas inscritas para concorrer à presidência da FMF eram compostas, de um lado, pelo ex-presidente Aron Dresch, buscando sua segunda reeleição consecutiva, com a chapa “Progresso no Futebol”. E, do outro lado, estava Dorileo Leal, dono da SAF Novo Mixto e do Grupo Gazeta de Comunicação, pela chapa “Federação Para Todos”.
A suspensão se baseou em irregularidades como: a exclusão indevida do voto da Associação Camponovense; suposta fraude documental na candidatura do ex-presidente Aron Dresch; e a ilegalidade de seu terceiro mandato, o que fere o estatuto da entidade.
Posteriormente à suspensão, no dia 3 de maio, Aron Dresch, ainda no comando da entidade, tentou de todas as formas marcar uma nova data para a realização da eleição ainda no mês de maio, porém todas foram negadas pela Justiça.
Aron deixou o cargo de presidente da Federação no dia 26 de maio, conforme consta no Estatuto da FMF.
Visto a vacância no cargo, a Justiça decidiu nomear, no mesmo dia, o advogado Thiago Dayan da Luz Barros como interventor da Federação. Mas, a pedido da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), no dia 28 de maio, a Justiça aceitou a nomeação de Hocsman para o cargo de interventor da FMF.
RISCO DE INTERFERÊNCIA EXTERNA
Em uma pergunta feita pelo NA CORUJA, o interventor declarou que existem trâmites que os clubes devem adotar antes de entrar com uma ação na Justiça comum, e que essa possibilidade deve ser utilizada somente como um “último recurso”.
Pergunta feita pelo NA CORUJA:
Presidente, a gente está vivendo essa situação porque um clube entrou na Justiça contra a antiga administração da Federação. O senhor teme que se o mesmo ou um outro clube entrar de novo na Justiça, seria possível uma punição da FIFA? A CBF alegou para a Justiça que a FMF está filiada a ela, e a entidade tem total responsabilidade sobre os seus filiados.
Caso haja uma nova intervenção da Justiça, a FMF pode receber uma punição?
“Pode, sem dúvida alguma. A gente sabe que existe, dentro da legislação desportiva, da jurisdição desportiva, existe um rito a ser cumprido, que eu não vou repetir para vocês, mas deve ser seguido até se esgotar as instâncias esportivas para daí buscar a Justiça comum. Sempre tem esse risco. Eu já tive oportunidade, em outros anos, de ter vivido situações parecidas com essa, de competições terem sido paralisadas por demanda na Justiça. Esse risco sempre é existente.”, pontuou Luciano.
Luciano deixou bem claro que uma possível nova interferência da Justiça na Federação poderia afetar negativamente todo o futebol brasileiro.
“Mas, objetivamente, sim, existe um risco, e esse risco não é só a Federação Matogrossense. Isso, de alguma forma, afeta o futebol brasileiro como um todo, essa situação de interferência externa. Mas a gente vai fazer de tudo para que isso não aconteça, porque não é bom para ninguém.”, declarou Hocsman.
Em seguida, ele também exclamou que essa situação de intervenção judicial não é boa para ninguém e que o futebol do Estado deve ser jogado dentro de campo, não fora dele.
“Não é bom para a Federação, não é bom para os clubes, não é bom para o torcedor, e para vocês. O futebol é jogado dentro do campo. Eu acho que já passou bastante tempo para o futebol mato-grossense estar discutindo questões políticas e jurídicas sem estar jogando futebol. Existe muita dificuldade em continuar com o futebol parado.”, afirmou o interventor.
Por fim, ele deixou claro que vai trabalhar em conjunto com os clubes para que haja transparência no comando da Federação enquanto ele estiver no cargo, mas destacou novamente a possibilidade de uma nova interferência da Justiça.
“Nós vamos tentar, juntamente com os clubes, juntamente com essa Associação (Camponovense), com esse clube que buscou seus direitos, construir uma administração transparente. Então, a nossa ideia é fazer acontecer, minimizando o risco. Pode acontecer (um clube entrar novamente na Justiça)? Pode. Qualquer um ou outro pode. Mas a gente vai buscar que isso não aconteça.”, finalizou o atual interventor da FMF, Luciano Dahmer Hocsman.
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