Por: Vitor Fernandes e Eduarda Nascimento
As torcidas organizadas têm um papel fundamental nas arquibancadas do futebol brasileiro, independente do placar o apoio ao time ecoam pelos 90 minutos. O que diferencia uma torcida organizada de um grupo comum de torcedores é sua estrutura; elas têm diretoria, estatuto, sede, lojas, um calendário de atividades. Isso garante uma marca nas arquibancadas, que formam parcerias e os auxiliam em movimentos em prol da comunidade.
Por outro lado, existe a associação constante da imagem da torcida com a violência, que sobressai nas ações sociais. A violência se dá por diversos motivos, como rivalidades históricas, intolerância esportiva, falhas na segurança, e decisões políticas.
A equipe desta reportagem entrou em contato com duas das grandes torcidas do país que estão em evidência na mídia nacional pelos motivos listados acima. A entrevista exclusiva para o portal aconteceu de forma remota, através de um aplicativo de mensagens na internet onde a administração de cada torcida organizada respondeu nossas perguntas.
Maior do Nordeste
No ano que completa seu trigésimo aniversário, a torcida organizada do time pernambucano Sport Club do Recife altera o nome pela terceira vez na sua história por determinação da justiça, onde teve o CNPJ banido. As duas decisões foram tomadas pelas autoridades do estado que justificaram a deliberação por causas de conflitos, violências e intolerância esportiva.
Entre seus 30 anos de história, a torcida foi fundamental para as conquistas de vários campeonatos do time nordestino, como por exemplo os mais de 40 títulos estaduais. A direção da Maior do Nordeste, destacou o papel do torcedor “O papel é apoiar o clube nos 90 minutos de jogo, isso que o torna diferente, hoje como o cenário do futebol brasileiro se encaminha cada vez mais para modernização as organizadas ainda mantém vivo o estádio.”
No começo deste ano a torcida então intitulada como “Jovem Leão” foi destaque após vídeos de pancadaria e conflitos entre torcedores, serem veiculados na internet momentos antes da partida entre Sport e Santa Cruz, válida pela primeira fase do campeonato pernambucano. Em um dos materiais circulados o então presidente da organizada sofreu uma agressão sexual, onde por sua vez em um trexo da entrevista a adiministração da torcida nega tal ato: “Nesse caso, não foi nem consumado. Tentaram manchar a imagem do ex-presidente da torcida jovem, em questão de estupro não teve, não.”

Após a conquista do estadual deste ano, o Sport está na lanterna do Campeonato Brasileiro, e enfrenta uma das piores crises do seu time profissional. Depois de serem eliminados da Copa do Nordeste nos pênaltis pelo Ceará, a torcida foi acusada de invadir o Centro de Treinamento José de Andrade Médicis no dia 16 de julho, onde houveram cobranças para o atual elenco, interpretado por muitos como uma ação exagerada, em uma das falas destacada pelo vídeo mostra justamente um membro afirmando que todos ali presentes tinham antecedentes criminais, com o intuito de intimidar o elenco.
Questionado pela equipe desta reportagem, o entrevistado deu a sua versão dos fatos do dia: “No caso do CT não houve invasão, foi até constatado pela polícia que estava lá no momento.” Afirmou ainda que “Teve seus exageros na hora de falar com alguns jogadores, mas todo mundo sabe que isso é necessário, porque as pessoas que vão lá e cobram perdem o dia de trabalho, e de lazer para ajudar o clube, e tem o direito de cobrar também.”
Força Jovem do Vasco
Após 12 anos de punição, a Força Jovem do Vasco volta às arquibancadas com grandes promessas de reconstrução e sempre enfatizando que a torcida vai muito além dos 90 minutos de jogo. A medida foi tomada em 2013 devido a uma briga histórica em Joinville contra os torcedores do Athletico Paranaense.

A torcida reconhece e afirma que todos esses anos fora do estádio trouxeram muitos aprendizados. “Tem punição internamente para quem descumpre. A ordem é não procurar confusão. A gente só se defende. Foram 13 anos de arquibancada vazia, e o Vasco sentiu nossa falta.” afirma a direção.

Os torcedores do Vasco invadiram o centro de treinamento do clube para fazer cobranças ao elenco e ao técnico Fernando Diniz. Em vídeos circulados na internet, o grupo de torcedores enfatizam a insatisfação com o elenco e comissão técnica.
Recentemente o presidente e ídolo do clube, Pedrinho, foi alvo de ameaças de sequestro e a notícia foi bastante comentada no noticiário esportivo. A Força Jovem em contato com a equipe diz lamentar o ocorrido e tem grandes expectativas para que as autoridades tomem as medidas cabíveis com os envolvidos no caso.
O Vasco da Gama vem enfrentando uma crise no clube a anos, reflexos não apenas da gestão atual como de problemas antigos também. Foi criada uma grande expectativa com a chegada do SAF (Sociedade Anônima de Futebol), que foi frustrada. A cobrança ao elenco e a direção segue acontecendo, segundo a torcida, de uma forma passiva e sem qualquer tipo de agressão.
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