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De Cuiabá para a Superliga: Conheça Abenildes Jr., central mato-grossense do Monte Carmelo

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Foto: Arquivo Pessoal

O vôlei brasileiro sempre foi palco de grandes histórias de superação e talento, e entre elas está a de Abenildes Junior, de 26 anos, central do Vôlei Monte Carmelo. Nascido e criado em Cuiabá (MT), o atleta carrega o orgulho de representar sua cidade natal em uma das ligas mais fortes do mundo: a Superliga Masculina de Vôlei. O atleta, que já levantou a taça da Superliga B em 2024, carrega no currículo uma história de superação desde a infância, quando lidava com problemas de saúde, até se firmar como um dos talentos que hoje representam o estado na principal competição do país.

Infância marcada pela saúde e pelo esporte

“Meu nome é Abenildes Junior, nasci e cresci em Cuiabá, Mato Grosso. Cara, a minha infância, foi um pouco difícil, porque eu nasci com uma deficiência, então, eu ficava bastante doente quando criança e, quando fui crescendo, principalmente o esporte me ajudou a passar por isso. Depois comecei a prática esportiva, minha imunidade, meu corpo, começaram a reagir muito bem e me ajudou a sair disso.”

Foi assistindo à Seleção Brasileira e à Superliga, ainda em 2013 que o vôlei entrou na vida do cuiabano. Mesmo sem ídolos específicos, ele se encantou. “Quando eu comecei a jogar, eu não sabia nada, não conhecia ninguém. Fui descobrindo vendo o SESI, o Campinas, o Sada Cruzeiro… e aquele sonho foi crescendo dentro de mim.”

Foto: Arquivo Pessoal

Apoio familiar e as primeiras peneiras

Filho de professores, Abenildes cresceu com disciplina: esporte, sim, mas sempre acompanhado dos estudos. “Eu nunca podia deixar os estudos de lado. Meus pais e minha irmã sempre me apoiaram, mas tinha que ter nota, terminar o semestre na média. Minha mãe, principalmente, sempre incentivava a praticar esporte porque eu cresci muito rápido, com 15 anos já tinha mais de 1,90. Eles acompanham meus jogos, minhas conquistas, enfim, estão sempre comigo.”

Uma das histórias marcantes que ele guarda do seu início, foi a viagem com amigos de Cuiabá para São Paulo, em busca de peneiras e conhecendo esse novo mundo.

“Lembro que, saímos eu, o Ruiter e mais dois amigos, o Hamilton e o Matheus… fomos de Mato Grosso, pesquisando na internet, mandando e-mail para os times, procurando saber sobre peneiras, foi só nós quatro, com o sonho, para São Paulo. Foram duas semanas em São Paulo, andando para todo lado de metrô, de cidade em cidade atrás de clubes. Foi uma loucura, mas marcou o início, sabe? Renderam muitas histórias boas e de muita tensão, mas marcou bastante.”

Foto: Arquivo Pessoal

O título após a dor: a volta por cima

Entre as memórias da carreira, Abenildes guarda como especial a conquista da Superliga B em 2024, pelo Monte Carmelo. O título representou mais que uma taça: foi a volta de uma cirurgia delicada.

“Eu rompi o LCA, tive que tirar parte do menisco e foram mais de 10 meses de recuperação. Esse título marcou muito, porque mostrou que eu era capaz, que meu corpo estava bem e que eu podia confiar em mim de novo. Além disso, o grupo da última temporada foi muito unido, pessoas que vou levar para a vida inteira. Isso fez muita diferença.”

Reprodução/Instagram

O Abenildes fora das quadras

Nos momentos de descanso físico e mental, Abenildes gosta de ter dias masi casieors e dividir com a família e amigos. Mesmo assim, ele diz que não dispensa “Sair, arejar a cabeça, ver pessoas diferentes fora do vôlei… é sempre bom dar uma arejada e sair com a família e amigos”.

“Cara, eu sou uma pessoa que gosta muito de assistir filmes, séries, jogar videogame, sair com meus amigos, sair para comer e ir ao cinema, eu gosto bastante. Gosto até de ficar em casa, aproveitar esses momentos para descansar, entre essa rotina que a gente tem.”

Rotina de treinos: intensidade e sacrifício

Se a vida fora das quadras é tranquila, a rotina de atleta de alto rendimento exige disciplina e resiliência.

“A nossa rotina de treinos é bem intensa. Normalmente vai de segunda a sexta, às vezes até sábado. De manhã, temos treino de quadra e musculação, e à tarde, preventivo, fisioterapia e treino tático. Além disso, sempre cuidando do corpo, porque alguma coisinha ou outra aparece. Quando começam os jogos e viagens fica ainda mais intenso: são dois jogos na semana, em média quarta e domingo. Muitas vezes a gente joga, toma banho, janta e já sai de madrugada para pegar voo. Chega, descansa e já treina de novo. É puxado, mas é gratificante.”

Foto: Arquivo Pessoal

Ritaul de fé antes do jogo

Hoje, tem toda essa rotina para os jogos, em campeonatos como o Campeonato Mineiro e, ano passado, na Superliga B. Mas há um detalhe que não pode faltar antes de entrar em quadra.

“No vestiário eu gosto muito de sentar e orar. Eu com Deus, naquele momento ali mesmo. Antes de entrar na quadra, eu sempre faço o sinal da cruz, fecho os olhos, respiro e me imagino tendo um momento meu mesmo com Deus.”

Reprodução/Instagram

Superliga 2025: sonho e expectativa

Disputar a Superliga é mais que um campeonato para Abenildes: é um sonho de infância realizado.


“A expectativa para essa Superliga é a melhor possível. Estamos treinando há quase dois meses, vamos jogar o Campeonato Mineiro antes, que serve como preparatório. Sabemos que a Superliga é uma das ligas mais fortes do mundo, mas estamos confiantes. Desde 2013, quando comecei a assistir, era meu sonho disputar a Superliga. Hoje é uma realização, é um privilégio. Às vezes faltam palavras para explicar… quando eu paro pra pensar em tudo que passei, vejo que é inacreditável. É Deus que foi me acompanhando e me ajudando a trilhar esse caminho.”

Foto: Arquivo Pessoal

Abenildes Jr. consolida sua trajetória como um dos principais nomes mato-grossenses em atividade no vôlei nacional. Aos 26 anos, o central do Monte Carmelo chega para mais uma edição da Superliga com o peso da responsabilidade e a experiência de quem superou obstáculos físicos e pessoais para se firmar no cenário esportivo.

Natural de Cuiabá, ele simboliza não apenas o crescimento individual, mas também a representatividade de Mato Grosso em uma competição considerada uma das mais fortes do mundo. Sua presença na elite do voleibol brasileiro reforça o potencial de atletas formados no estado e amplia as referências para novas gerações.

Escrito por
Bruno Monteiro

Bruno Monteiro, 25 anos, estudante de Jornalismo na UFMT e repórter do site Na Coruja. Nascido no Rio de Janeiro e morando há duas décadas em Mato Grosso, cobre o cenário esportivo no geral e o futebol brasileiro, com atenção especial ao Mixto Esporte Clube. Fã, principalmente, de Futebol e Basquete, e movido pela vontade de contar boas histórias a quem lê, busca diariamente aprender e evoluir como pessoa e profissional, carregando sempre aquele tom de quem sabe, realmente, o que é torcer, chorar e, no fim, amar o esporte.

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