Construções históricas são carregadas de significados e subjetividades. Eu nunca duvidei disso, por isso sempre gostei de visitar centros históricos quando saio em viagem para desbravar outros lugares. Contudo, tenho que admitir que careço de vivência da história daqui.
Todos os dias passo pela rua Sete de Setembro. Como moradora de Cuiabá – ou quase, se considerarem Várzea Grande como um grande bairro de Cuiabá –, percorro as ruas com certa frequência. Nunca pensei que aquelas construções pudessem ter vivenciado – e sido palco – do nascimento de um time que faria meu coração palpitar.
Tenho certeza que, ao se reunirem no cômodo da antiga Livraria Pepe, Ranulpho, Maria Malhado, Avelino, Naly, Gastão e Zulmira nunca pensaram que 90 anos depois de terem criado o Mixto Esporte Clube, uma garota de cabelo rosa estaria desbravando sua história com tanta admiração e encanto.
O que me admira nesse clube é saber que nasceu justamente da vontade de criar um time que incluísse a todos, homens e mulheres. Daí veio a ideia do nome – que na grafia da época era escrito com X – e as cores do clube: Preto e branco para representar a junção dos opostos. Sem preconceitos. Sem limitações. E as mulheres se faziam presentes. Zulmira, juntamente com seu fiel escudeiro – o piano –, e o auxílio do amigo Ulisses Cuiabano deu ao Mixto um hino.
E eu devo admitir, escutei com lágrimas nos olhos. Em uma época em que as mulheres eram deixadas de lado no quesito esportivo, o Mixto surgiu para dar fôlego para aquelas que gostariam de desbravar novos caminhos. E não posso deixar de refletir que talvez os mixtenses tiveram que andar e abrir caminho, para que eu hoje – mulher, jornalista e apaixonada por esse esporte – pudesse correr.
Essa é a magia. Nunca é apenas um clube. Nunca é apenas futebol.
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