O presidente da Federação Mato-grossense de Futebol (FMF), Diogo Pécora, concedeu entrevista exclusiva ao MN Esportes, para falar sobre o início de mandato, os desafios estruturais do futebol mato-grossense, os planos para elevar a federação no ranking da CBF, além de temas como arbitragem, calendário, futebol feminino, relação com a CBF, imprensa e grandes eventos.
Da Justiça Desportiva à presidência da FMF
Pécora explicou que sua trajetória até a presidência passa por uma longa atuação no Tribunal de Justiça Desportiva, onde está desde 2017, período em que exerceu funções de gestão e diálogo. Segundo ele, a candidatura surgiu de forma natural em meio ao impasse institucional vivido pela federação.
“Eu fazia gestão no tribunal e estou lá desde 2017. Já entrei como presidente da segunda comissão disciplinar, depois fui indicado ao pleno, fui vice-presidente e, por fim, presidente do Tribunal de Justiça Desportiva. Sempre exerci essa maneira de dialogar, de construir soluções.”
O presidente destacou que não se colocou como candidato antes da anulação da eleição, mas aproveitou o período para ouvir clubes e entender suas realidades.
“Nunca me portei como candidato antes do cancelamento da eleição. Sempre respeitei o processo. Mas em nenhum momento deixei de procurar saber a realidade de cada clube, as dificuldades, como funciona o futebol em cada cidade.”
Ranking da CBF e o caminho para o top 10
Questionado sobre a queda da FMF do 12º para o 13º lugar no ranking da CBF, Pécora foi direto ao ponto: é preciso elevar o nível do futebol local.
“Parece uma receita pronta de bolo, mas a gente sabe que, às vezes, você erra a receita. A gente precisa dar condições para as equipes elevarem de fato o nível do futebol.”
Ele reforçou que o trabalho passa por todas as categorias, da base ao profissional.
“Pensamos desde a base até o profissional. Série A, Série B, categorias de base, masculino e feminino. Um campeonato mais competitivo gera um produto melhor.”
Estrutura, gramados e protagonismo da federação
Um dos pontos centrais da entrevista foi a estrutura dos campeonatos, especialmente em relação aos estádios.
“A federação precisa tomar protagonismo. A maioria dos estádios é municipal, e muitas vezes o clube não compra a briga com o poder público para não ser prejudicado. Essa briga é da federação.”
Sobre o Campeonato Mato-grossense de 2026, Pécora foi claro quanto às exigências mínimas.
“Não posso autorizar jogo sem alvará do Corpo de Bombeiros. Isso não é opção do presidente, é questão técnica. Se não tiver laudo, infelizmente o estádio não será liberado.”
Futebol feminino e categorias de base
No futebol feminino, o presidente apontou falhas recentes e deixou claro que a base será prioridade.
“A base é um dos pilares do nosso plano de gestão, tanto no masculino quanto no feminino.”
Ele lamentou a ausência do Sub-20 feminino, que custou uma vaga nacional ao estado.
“Mato Grosso perdeu uma vaga no Brasileiro Sub-20 porque não teve competição aqui. Vamos organizar para 2026 e garantir vaga em 2027.”
Sobre possíveis parcerias, como com a Taça das Favelas, adotou cautela.
“Temos que abrir diálogo. Ainda não foi conversado, é pouco tempo de gestão, mas se for benéfico, vamos buscar.”
Calendário, gestão participativa e patrocinadores
Pécora afirmou que o calendário será discutido com os clubes.
“Não vamos impor. A gestão é participativa. Vamos ouvir as equipes e decidir em conjunto.”
Já sobre o Estadual, confirmou acordos importantes.
- Naming rights: Sicredi e Martinello (renovados)
- Transmissão: TV Centro-América
- Novo patrocinador: SuperBet
- Streaming: negociação em andamento para transmitir todos os jogos
Imprensa, FMF TV e transparência
O presidente garantiu diálogo aberto com a imprensa.
“Sempre foi assim no tribunal e não tem por que ser diferente aqui. A porta vai estar aberta.”
Ele também citou a FMF TV como ferramenta estratégica.
“A internet não tem fronteiras. Precisamos mostrar mais o nosso produto.”
O legado que ele espera deixar
Ao final, Diogo Pécora projetou como espera olhar para trás em 2029.
“Parabéns, missão cumprida. Times em todas as divisões, masculino e feminino. Subimos no ranking, estamos no top 10 das federações e fizemos uma gestão modelo, que pode ser replicada.”
Um discurso ambicioso, mas que, segundo o próprio presidente, reflete exatamente o tamanho do desafio que ele decidiu assumir.












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