A temporada 2025 vai se tornando uma das mais caóticas da história do Corinthians. Em um intervalo de dias, o clube viu o afastamento do presidente Augusto Melo por decisão do Conselho Deliberativo, sofreu nova eliminação em competições internacionais e descobriu um furo financeiro que deve forçar a venda de jogadores.
Linha do tempo: Rastro dos transtornos
- 23/05: Gaviões da Fiel publica nota oficial pedindo afastamento de Augusto Melo
- 26/05: Presidente é afastado por decisão do Conselho Deliberativo (176 votos a favor)
- 27/05: Eliminação da Sul-Americana após derrota por 1×0 para o Huracán
- 28/05: Revelação de rombo superior a R$ 20 milhões no orçamento do clube

Marco Galvão/Corinthians
Torcida se posiciona: Gaviões pede saída imediata
Antes mesmo da votação no Conselho, a Gaviões da Fiel, principal organizada do Corinthians e do país, já havia publicado nota oficial pedindo o afastamento imediato de Augusto Melo. Em trecho direto, o comunicado diz:
“Solicitamos seu afastamento imediato do cargo. Tal medida se faz necessária para preservar a imagem do Corinthians, que deve estar sempre acima de qualquer interesse pessoal.”
A organizada reforçou que o clube já enfrenta uma grave crise administrativa, financeira e institucional, e completou:
“Evitar que os problemas que hoje recaem sobre o presidente impactem ainda mais o clube.”

Danilo Fernandes / Meu Timão
Afastamento de Augusto Melo e processo de impeachment
“Não tivemos nenhum contato. Nosso trabalho e preocupação é para dentro do CT.”
diz Dorival Júnior, técnico do Timão, após ser confrontado sobre a atual situação de Augusto Melo no clube .
Na última segunda-feira (26), em votação secreta, o Conselho Deliberativo decidiu pelo afastamento imediato de Augusto Melo da presidência, dando prosseguimento ao processo de impeachment. Foram 176 votos a favor, 57 contra e uma abstenção, entre os 234 conselheiros presentes.
Com isso, o vice-presidente Osmar Stabile assumiu o cargo interinamente, e agora terá até cinco dias para convocar uma Assembleia Geral dos Sócios, que irá referendar ou não o impeachment. Se aprovado, novas eleições serão realizadas dentro de 30 dias.
O motivo central do pedido de destituição envolve o indiciamento de Augusto Melo pela Polícia Civil de São Paulo pelos crimes de associação criminosa, furto qualificado e lavagem de dinheiro no escândalo envolvendo a empresa Vai deBet, ex-patrocinadora máster do clube.

Decepção esportiva: eliminação na pré-Libertadores e queda na Sul-Americana
No campo, o cenário é tão grave quanto nos bastidores. Após ser eliminado ainda na fase pré Libertadores, o Corinthians deu adeus à Copa Sul-Americana na fase de grupos, mesmo enfrentando o time reserva do Huracán na última rodada.
O clube vencia a disputa direta com o América de Cali até os acréscimos da segunda etapa. No entanto, o empate colombiano no final do jogo e a derrota por 1 a 0 contra os argentinos selaram a eliminação alvinegra. É a segunda vez na história que o clube cai ainda na fase de grupos da Sula.
A repercussão foi imediata. Torcedores se revoltaram nas redes sociais com críticas ao elenco, à diretoria e ao recém-chegado e muito criticado técnico Dorival Júnior.
Prejuízo de capital clama por vendas
A eliminação precoce na Libertadores e na Sul-Americana não apenas compromete os objetivos esportivos do clube, como também gerou um rombo superior a R$20 milhões no orçamento do ano. A projeção inicial da diretoria anterior era chegar ao menos até as oitavas da Libertadores, o que renderia cerca de R$35 milhões, mas o Corinthians saiu da competição com pouco mais de R$6,2 milhões.
Na Sul-Americana, o prejuízo foi ainda mais evidente. O clube arrecadou apenas R$6,4 milhões, quando poderia ter faturado mais de R$20 milhões caso avançasse às fases seguintes.
Como resultado, o clube terá de recorrer à venda de jogadores para equilibrar as contas. A meta orçamentária é atingir R$180 milhões em vendas até o meio do ano, mas até agora apenas duas negociações, Dener para o Chelsea e Guilherme Biro para o Sharjah, foram concretizadas.
Além do prejuízo esportivo, o Corinthians enfrenta:
- R$ 5 milhões em atraso no Profut, prestes a gerar bloqueios e sanções;
- Folha salarial de R$ 22,5 milhões/mês, que precisa ser mantida para evitar crise com o elenco;
- Dívidas com clubes por transferências passadas;
- Rescisão de Ramón Díaz e comissão, tratada como prioridade.
O ex-presidente Augusto Melo deixou apenas R$5 milhões em caixa, valor insuficiente até para despesas imediatas. Enquanto aguarda a Assembleia que definirá seu futuro, a nova gestão tenta conter o colapso com ações emergenciais: negociar dívidas, buscar patrocínios e evitar bloqueios judiciais.
Mas e Agora?
O Corinthians entra em junho com uma diretoria interina, um técnico recém-chegado sob pressão, finanças no vermelho e uma torcida que exige respostas. Enquanto aguarda a decisão da Assembleia Geral dos Sócios, o clube ainda precisa encontrar forças para reagir nas duas únicas competições que restaram: Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil.
A pergunta agora não será só “quem será o próximo presidente?” ou “quando o time vai voltar a vencer?”. A pergunta mais urgente talvez seja: o Corinthians conseguirá sobreviver a si mesmo?
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